A área já está muito bem consolidada no mercado, conta com muitos profissionais ativos e tem até departamentos dedicados em grandes empresas. Mesmo assim, muita gente que atua no setor da tecnologia ainda não sabe o que é SEO.
Tudo começou com a corrida dos buscadores no final do século passado, que impulsionou a criação de blogs e portais de notícias no mundo inteiro. De lá para cá, várias estratégias foram criadas pelos mecanismos de busca para dar ordem ao caos de conteúdo que a internet começava a se transformar.
O grande vencedor, o Google, que até hoje dita parâmetros para seus concorrentes e outras ferramentas da categoria, ganhou a corrida por adotar a “relevância” como principal critério nos resultados das buscas. Entretanto, por muitos anos, seu ranking foi liderado por quem conseguia repetir mais vezes as palavras-chave e obter o maior número de links de sites aleatórios.
Isso fez com que o SEO “crescesse” muito apegado à redação, que continua sendo muito importante, mas que não é mais suficiente para garantir boas posições nas SERPs (as páginas de resultado).
Muitos desenvolvedores front-end ainda não notaram, mas o fato é que, hoje, é impossível falar em otimização para mecanismos de pesquisa sem falar em UX (Experiência do Usuário).
É sobre isso que falamos neste artigo. Confira!
O que é SEO?
Para quem está por fora, SEO é a sigla para Search Engine Optimization ou Otimização para Motores de Busca. Podemos dizer que a área reúne tudo o que diz respeito à indexação e ao rankeamento de páginas nos buscadores, bem como o entendimento do comportamento e das intenções dos usuários. Isso abrange pesquisas, estratégias, ferramentas e (muito) monitoramento.
Aqui cabe, porém, algo que muitas vezes é esquecido até pelos profissionais do ramo: o SEO não é restrito ao Google!
Existem vários buscadores relevantes, além do poderoso Google Search, inclusive dentro do seu próprio hub, como os buscadores do YouTube e da Play Store.
Vale citar também os mecanismos de pesquisa dos grandes marketplaces do mercado, dos comparadores de preços, das redes sociais e de plataformas mais restritas, como a Apple Store.
Há quem invista até nos rejeitados Yahoo Search e Bing ― o que parece má ideia diante da soberania do Google, mas que pode ser sim uma ótima forma de alcançar outros públicos, uma vez que esses buscadores são configurados como padrão em muitos navegadores e dispositivos.
Por que usar SEO em sites, apps e outros sistemas?
Não importa a natureza do seu projeto, ele só vai fazer sentido se puder ser encontrado em algum lugar. Esse é o trabalho do SEO, que, por sinal, parte do estudo do comportamento do seu público e da definição dos canais que ele utiliza para encontrar soluções como a que você vende.
Indo além do óbvio, é importante destacar que o SEO é também uma excelente ferramenta de CRO (otimização de conversão) e de benchmarking (estudo da concorrência).
No primeiro caso, observe que temos um entendimento muito melhor das expectativas e das intenções do usuário analisando toda a dinâmica do seu comportamento em meio às diferentes plataformas que ele utiliza para chegar e ao sair das suas páginas.
Além disso, comparando o desempenho das estratégias dos concorrentes com o desempenho das nossas, podemos identificar pontos de melhoria e oportunidades ainda não exploradas no mercado, entendendo as preferências e as interações do público em vários sites ou sistemas.
Voltando ao óbvio, é justo lembrar que quem aparece no topo tem mais acessos, mais interações, mais leads e, claro, mais vendas. Isso sem mencionar a autoridade transmitida por estar entre os primeiros.
Podemos até ir um pouquinho mais longe, prevendo um futuro menos centralizado nas grandes lojas de aplicativos, com apps que rodam diretamente dos navegadores e com acesso direto pelos buscadores tradicionais. Essa é a grande aposta dos PWAs, que reforça a necessidade de ficar em dia com o SEO.
Qual a relação entre front-end e SEO?
Muita gente vai dizer que SEO é Marketing e front-end é desenvolvimento, cada um no seu devido lugar. Entretanto, essa visão “departamentalizada” das diversas demandas da tecnologia é bastante ultrapassada, mesmo ainda sendo aplicada em muitas empresas.
Todas as áreas, ou “camadas” de um projeto, compartilham métodos, indicadores e objetivos. É preciso pensar os sistemas de uma forma orgânica, pois certamente você não terá bons resultados se cada braço do seu time resolver atuar de forma independente, desconsiderando as necessidades dos demais.
Falando especificamente de front-end e SEO, existem vários aspectos em que as duas áreas se encontram, sobretudo no UX. É fundamental para ambos desenvolver interfaces gráficas rápidas, intuitivas e com boa usabilidade, por isso, os dois lados têm muito a ganhar compartilhando dados, estatísticas e metodologias.
Nenhum buscador quer rankear sites ou apps que entregam uma má experiência aos usuários, afinal, isso coloca em cheque a sua confiabilidade como ferramenta de busca. E, como já destacado, uma plataforma que não é encontrável, não consegue desenvolver uma base de usuários e não passa de um “fantasma” na web.
Onde o front-end entra no SEO?
Existem estratégias específicas para cada um dos diferentes buscadores disponíveis na atualidade, mas não há dúvidas de que quem dita as regras desse mercado é o Google Search. Ele é, portanto, a nossa grande referência e, por isso, um dos responsáveis por elevar o destaque do front-end no SEO.
Os fatores de rankeamento são muitos e mudam frequentemente. Nos últimos anos, porém, podemos dizer que houve uma verdadeira revolução na maneira como os conteúdos são indexados e ordenados no Google.
Se você ainda está preso à antiga prática de meramente repetir palavras-chave e conseguir links em páginas aleatórias, saiba que pode estar perdendo muitas chances de potencializar o tráfego orgânico.
A seguir, as mudanças no rankeamento de páginas no Google que mais impactaram o SEO nos últimos anos e que estão diretamente ligadas ao front-end.
Semântica e intenção de busca
Há muitos anos, o Google está muito mais interessado em descobrir a intenção de busca do usuário do que com o uso de palavras-chave.
Seu algoritmo é capaz de identificar variações em frases e palavras que apontam para o mesmo interesse, acabando de vez com a mania ― de muito mal gosto, inclusive ― de repetir palavras-chave, incessantemente, em parágrafos, títulos e elementos da página.
Resultados destacados
Além da lista tradicional com resultados orgânicos e anúncios do Google Ads, as SERPs atuais trazem vários conteúdos em destaque, como imagens, gráficos, listas, respostas para perguntas e até trechos específicos em vídeos.
Para ser elegível nesses destaques são necessárias marcações e configurações específicas de SEO nas suas páginas. Vale destacar que boa parte desses destaques são lidos pelos assistentes virtuais em pesquisas por voz.
Relevância de backlinks
Um link de um site com boa reputação na sua área tem muito mais peso do que vários links de páginas de outros temas ou centenas de links de páginas aleatórias (geralmente oferecidos por empresas maliciosas).
Não estão claros todos os critérios que o Google utiliza para avaliar a autoridade dos sites, mas boa navegação e autenticidade são fatores fundamentais.
Isso é ainda mais importante se a sua empresa tem vários projetos na web (sites, blogs e apps independentes), uma vez que todos eles devem estar em dia com o front-end e o SEO para que as referências agreguem o valor esperado.
Mobile First Index
Tendo em vista que a maior parte do tráfego mundial hoje parte de dispositivos móveis, o Google tornou as páginas mobile uma prioridade em 2018. O Mobile First Index é uma atualização que definiu que a versão móvel dos sites é a primeira a ser indexada nos resultados de busca.
Isso significa que se você não entrega uma boa experiência em celulares e tablets, você pode, literalmente, desaparecer do buscador.
Experiência na Página
Quando falamos em páginas mobile, responsividade não é o suficiente. Em 2020, o Google lançou uma série de sugestões para melhorar a navegação dentro dos sites que podem impactar a sua classificação nas SERPs. Esses fatores foram agrupados em uma área chamada “ Experiência na Página”.
Além das velhas preocupações, como tempo de carregamento de textos e elementos visuais, as recomendações buscam coibir publicidade excessiva, elementos intrusivos (como pop-ups) e manipulação de cliques (como movimentações do layout que induzem o usuário a clicar em determinados links).
O horizonte dessas otimizações são os famosos Core Web Vitals, um conjunto de métricas criadas para medir a qualidade da experiência nas páginas.
As principais delas são:
- LCP (Largest Contentful Paint): tempo para renderização completa do maior elemento da página;
- FID (First Input Delay): intervalo entre a primeira interação do usuário e a resposta do navegador ou aplicativo;
- CLS (Cumulative Layout Shift): mede a variação do layout da página ao longo do seu carregamento (para identificar movimentações em elementos que podem prejudicar a navegação).
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Como aplicar SEO no front-end?
Falamos sobre as aplicações das práticas de front-end no SEO, agora é hora de conferir o inverso. Confira, a seguir, a lição de casa da otimização de buscadores que nenhum desenvolvedor deve negligenciar, não importa se atua com HTML, CSS ou JavaScript.
1. Pesquisa de intenção de busca (palavras-chave)
As páginas do seu site ou a página de apresentação do seu app precisam estar focadas em uma ou mais palavras-chave (não muitas). Entretanto, o mais importante aqui não é o termo de busca em si, mas a intenção do usuário ao digitá-lo no campo de pesquisa.
Seu estudo deve tentar compreender o que leva a sua persona a um determinado conteúdo do seu blog ou ao seu aplicativo. A partir daí, conseguimos entregar uma solução precisa para o que ela procura, como uma imagem, um vídeo, um serviço gratuito, uma definição, a resposta para uma pergunta etc.
Fique atento a frases como “o que é”, “para que”, “como que”, pois os buscadores rastreiam esses trechos para criar destaques ou para definir a relevância da página para buscas específicas.
2. Meta tags
A principal função das tags é estruturar o seu conteúdo, ou seja, deixar claro para o buscador como as informações da sua página devem ser lidas e exibidas.
As marcações mais famosas são a Title (o título exibido nos resultados, que não precisa ser o mesmo da página), a Meta Description (a descrição do conteúdo na SERP), as Hearing tags (H1, H2, H3 etc.) e as Meta robots (Noindex e Nofollow).
Saiba, porém, que há também marcações para vídeos, slides, anúncios e para imagens. Essa última é o famoso Alt text, que surgiu como um recurso de acessibilidade, mas que também é usado pelo Google para rankear imagens.
3. URL canônico
Essa tag merece um destaque a mais, pois uma das regras dos buscadores é impedir a indexação de conteúdos duplicados.
Muitos projetos trabalham com diferentes versões de páginas e quando você não especifica qual das URLs deve ser priorizada, ele acaba pegando a mais antiga ou impedindo a indexação.
4. Linkbuilding
Em relação aos links internos, é recomendável que eles sejam trabalhados dentro de uma estrutura lógica. Uma estratégia muito utilizada é o Topic Cluster, que organiza os conteúdos em grupos com uma página principal e várias complementares. Isso ajuda os buscadores a entender o tema do seu site.
Quanto aos links externos, os backlinks, você pode obtê-los conseguindo referências de portais importantes da sua área, um trabalho que hoje é centrado na área de PR Digital, ou Relações Públicas Digitais.
Pensando em front-end, podemos também estimular a linkagem de conteúdos com botões de compartilhamento, mecanismos simplificados de incorporação, entre outros.
5. Monitoramento
A principal função do SEO é monitorar resultados e realizar otimizações constantes. Se você quer ficar no topo das buscas, vai precisar atualizar suas páginas várias vezes, até porque os concorrentes não vão parar de trabalhar.
Frequentemente, o rankeamento pode ser definido por fatores de front-end, como velocidade de carregamento ou a experiência do usuário na página.
Na via oposta, os desenvolvedores também podem usar estatísticas de tráfego e navegação para avaliar a performance das aplicações.
Quais são as melhores ferramentas e extensões para SEO?
Para fechar o conteúdo, separamos algumas ferramentas essenciais de SEO que podem agregar muito à sua rotina no front-end. São elas:
- Google Search Console: se você quer aparecer no Google, esse é o principal meio de analisar o desempenho das suas páginas (há ferramentas equivalentes para outras plataformas, como o Bing Webmaster Tools);
- Google Analytics: esse é um velho conhecido dos webmasters que, recentemente, concluiu a implementação da sua nova versão, o GA4, que, entre outras vantagens, aprimorou o monitoramento de sites e aplicativos vinculados;
- Mobile Friendly Test e PageSpeed Insights: as ferramentas oficiais do Google para avaliar a experiência entregue pelo seu site em diferentes dispositivos;
- Crazy Egg: excelente ferramenta para otimização de design, ela ilustra as áreas que recebem mais atenção dos usuários nas páginas com um mapa de calor;
- GTMetrix: analisa o desempenho das páginas, permitindo escolher diferentes localidades de servidor e outros parâmetros.
- Extensões para Chrome: Seo Quake e MozBar (para acompanhar métricas em tempo real), Tag Assistant (para validar scripts do Google);
- Plugins WordPress: Yoast SEO (criação de sitemaps, marcações e produção de conteúdo) e Site Kit By Google (permite visualizar métricas do Google dentro do WordPress).
Como você vê, front-end e SEO tem tudo a ver e ambas as áreas podem se beneficiar trabalhando juntas. No fim, o objetivo é um só: criar uma internet com sites, aplicativos e plataformas cada vez mais relevantes, confiáveis e fáceis de utilizar.
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